Aprendi a morrer.





     Muitas vezes, andei sem entender porque a vida se empolava transitoriamente nos acasos destinados ao infortúnio. Aquela condição ou fases da vida, que tudo parece desalinhar. Metaforicamente, até o trem de via única se desvia por outros trilhos. Poderia chamar isso de carma ou qualquer outro nome que se nomeie. Pessoalmente, escolheria darma. Mas, não vem ao caso.
     Realmente, tudo é empolgante quando parece fluir nos termos esperados. Porém, conforme o rio, que embala essas águas, fazia suas curvas, continuava tentando alcançar fora do fluxo. Olhava de longe o alto da montanha onde pretendia chegar e não conseguia. Me prendia na visão do presente, o qual, deveria se tornar passado, porém, eu não deixava. Era difícil aceitar outros ares, a não ser o caminho que me permitisse ter o alvo/objetivo diante de meus olhos. Enquanto os dias se acabavam, pensava que tudo estava bem. Eu, permanecia vivo, guardando o presente, que havia virado passado, mas, não para mim.
     Das tantas vezes que pereci, acordava no outro dia o mesmo. Os mesmos problemas, as mesmas soluções, as rotas, sem se alterar, os planos, eram mapas de piratas, traçados há muitos séculos. Coisas mortas as quais carregava sem a intenção de abandonar.
     Quando atentei para o que somos, corpos que vivem com a morte de milhões de células diariamente, aprendi a perecer, como se deve.
Enterrando o passado, cultivando princípios. Ainda não pereci minha última morte. Sigo o caminho, enterrando o que precisa ser morto.



Everton F. Messias